Todos temos algo a esquecer.
Todos temos algo que se contorce bem lá no fundo e que revive a cada música que ouvimos na rádio, a cada lugar por onde passamos, a cada pensamento que nos surge. Algo que nos pertence como um todo e que nos embala e nos corrói, na mesma dança.
Todos temos algo a recordar.
Momentos que nos pertencem, que nos completam, que nos indicam o caminho a seguir, que nos marcam a ida e a volta.
Todos já nos perdemos dos nossos pensamentos.
Já ficamos expectantes, ansiosamente à espera. Daquele sorriso, daquele olhar, daquele abraço, daquele beijo. Momentos que tardam a chegar e muitas vezes, por mais que se espreite e se arda em desejo, nunca se evidenciam.
Todos temos algo a preservar.
Algo que não quer partir, que não está preparado para fugir, a que nos agarramos quando à noite não conseguimos dormir. Porque a verdade é que não o podemos deixar ir, não nos pertence essa vontade.
As memórias cobrem-nos o pensamento, a alma e a saudade traça-nos esse caminho.
Todos temos algo. Alguém.