A chuva precipita-se das alturas, depois de semanas suspensa nos céus. Levanta a poeira dos passeios e o cascalho das estradas.
Contorna as beiradas dos telhados e os cantos das chaminés.
Escorre pelas paredes, surpreendendo vendedores de rua, que correm a abrigar-se. Ressalta na terra endurecida pelo sol, sarando as cicatrizes desta nossa terra.
Marca todo o meu caminho para casa, roçando nas minhas pernas nuas.
Não corro. Não fujo.
Não desta vez.
Não penso. Só sinto. A chuva amolece-me as defesas e a dor, silenciosa e obscura, permanece intocável e grandiosa na sua imensidão, paralisante e absorvente. O medo calca-me e sufoca-me. O fracasso persegue-me. A desilusão enclausura-me.
A verdade é que nada mais interessa.
A chuva bate na janela, enquanto me descalço e recosto no sofá da sala. O barulho das grossas pingas, condensadas até ao seu limite, é o único que consigo suportar. Uma gota atravessa timidamente o rosto, quedando-se nos lábios. Estranhamente, sabe-me a sal. Pensei que me dissolvera na água da chuva, que me fora levada pela enxurrada, que desistira a já frágil âncora que aqui me sustinha.
Contorna as beiradas dos telhados e os cantos das chaminés.
Escorre pelas paredes, surpreendendo vendedores de rua, que correm a abrigar-se. Ressalta na terra endurecida pelo sol, sarando as cicatrizes desta nossa terra.
Marca todo o meu caminho para casa, roçando nas minhas pernas nuas.
Não corro. Não fujo.
Não desta vez.
Não penso. Só sinto. A chuva amolece-me as defesas e a dor, silenciosa e obscura, permanece intocável e grandiosa na sua imensidão, paralisante e absorvente. O medo calca-me e sufoca-me. O fracasso persegue-me. A desilusão enclausura-me.
A verdade é que nada mais interessa.
A chuva bate na janela, enquanto me descalço e recosto no sofá da sala. O barulho das grossas pingas, condensadas até ao seu limite, é o único que consigo suportar. Uma gota atravessa timidamente o rosto, quedando-se nos lábios. Estranhamente, sabe-me a sal. Pensei que me dissolvera na água da chuva, que me fora levada pela enxurrada, que desistira a já frágil âncora que aqui me sustinha.
Acordo. Já não chove. Pelo menos não lá fora.