segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Quero Ser Inverno


Entro no carro e arranco.
Lá fora, o vento acaricia as árvores, embalando-as numa dança única.
"Quem me dera ser vento.
Poder rodear-te sem ninguém sentir".

Olho através da janela e aprecio a neve que repousa nas encostas da serra.
Com carinho, enlaça-as num abraço conjunto.
"Quem me dera ser neve.
Poder repousar em ti sem ninguém ver".
O nevoeiro empresta à paisagem um tom algo fantasmagórico.
Com leveza, a neblina circunda tudo em seu redor, chegando como um sussurro.
"Quem me dera ser bruma.
Poder envolver-te sem ninguém notar".
Dos ramos das árvores pingam gotas de chuva, que ora teima em cair.
Timidamente, vai descobrindo aquele outro manto branco.
"Quem me dera ser chuva.
Poder tocar-te sem ninguém saber".