quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Menina de Olhos Tristes


Oh menina de olhos tristes...
Como o mundo te ultrapassa.
Cruel castigo o barulho do teu silêncio.
O som ensurdecedor das costas voltadas.
O teu olhar esquadrinha as conversas em teu redor, persegue os sorrisos, abandona quem te fita.
Como se não pertencesses a este mundo...

De onde foges? De quem foges?
Os teus pensamentos rodopiam.
A solidão é rainha e o vazio imperador.
À tua frente, tanto e tão pouco.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

O Moinho


O velho moleiro sobe a colina.
Pelo caminho, outrora percorrido por tantos outros passos, pensa simplesmente em conseguir alcançar o moinho.
Ouve apenas o estalar escarlate das folhas caídas ao longo das veredas.

A mó está tão gasta como as recordações que sustentam o moleiro com olhos cor de Outono.
Tritura. Mói. Esmaga.
Tal como o peso das memórias que nos carregam pela vida.

De volta a casa, acende a lareira para esquecer o frio da solidão e recolhe os pensamentos perdidos.
A mó continua a girar. Dentro da sua alma.