quinta-feira, 15 de março de 2007

I



A chuva une-nos num único abraço, num único corpo. É o teu vestido que se cola a mim, as tuas mãos acariciam-me a cara molhada, os teus olhos riem com lágrimas, os teus lábios dizem “Amo-te ” em silêncio, sem necessidade de pronunciares qualquer palavra. Pegas-me numa mão e entrelaças os teus dedos nos meus, tão finos e delicados; pegas-me na outra mão e leva-la até ao teu ventre. Levanto os olhos para ti, vejo esse brilho e, num relance, percebo.
Calas-me com um beijo quente dado e recebido entre sorrisos. Só a ti beijo a sorrir. Com as mãos dadas percorremos a avenida. O vento e a chuva, longe de nos apressarem, dançam e giram à nossa volta. Pego-te ao colo e pousas as mãos no meu pescoço. A união dos elementos da natureza sela a nossa. Firmada naquele pequeno momento, silencioso de palavras, mas pleno de entendimento e comunhão.
Acaricio-te o rosto e tu, consciente desse meu gesto, sorris. Só a nós amo a sorrir.