O velho sentado na poltrona de sua casa.
Memórias de outros tempos. A cama imaculadamente feita, os instrumentos de barbear impecavelmente ordenados no aparador, o sobretudo vestindo as costas do bengaleiro, o guarda-chuva guardando intrusos, os chinelos dispostos perpendiculares à mesinha de cabeceira, os retratos milimetricamente arrumados.
Ao amanhecer, raios de sol coados pelas cortinas, ao entardecer, o crepúsculo relaxa, descansando a seus pés, de madrugada, o luar penetra pela janela propositadamente aberta.
Marcas da solidão na sua barba, no seu fato de passeio, na fita do seu chapéu de domingo, na caneca pousada no lava-louças, no solitário com a sua única flor, seca, cada pétala caída à sua volta, nos seus olhos sulcados pelas rugas de quem sobreviveu demais, vivendo de menos.
Soube desde cedo. Aprumou-se no seu melhor fato, a camisa branca, a gravata azul, os botões de punho de prata, o chapéu de feltro pendendo dos dedos, e esperou. A única dúvida seria se teria sido recordado hoje, no dia em que o fim se aproximava.
As memórias que deixamos permitem-nos viver para além da finitude corpórea a que estamos todos submetidos.
A cabeça descai para o lado direito e o chapéu escorrega-lhe dos dedos. Ali permanece, ainda esperando.
Memórias de outros tempos. A cama imaculadamente feita, os instrumentos de barbear impecavelmente ordenados no aparador, o sobretudo vestindo as costas do bengaleiro, o guarda-chuva guardando intrusos, os chinelos dispostos perpendiculares à mesinha de cabeceira, os retratos milimetricamente arrumados.
Ao amanhecer, raios de sol coados pelas cortinas, ao entardecer, o crepúsculo relaxa, descansando a seus pés, de madrugada, o luar penetra pela janela propositadamente aberta.
Marcas da solidão na sua barba, no seu fato de passeio, na fita do seu chapéu de domingo, na caneca pousada no lava-louças, no solitário com a sua única flor, seca, cada pétala caída à sua volta, nos seus olhos sulcados pelas rugas de quem sobreviveu demais, vivendo de menos.
Soube desde cedo. Aprumou-se no seu melhor fato, a camisa branca, a gravata azul, os botões de punho de prata, o chapéu de feltro pendendo dos dedos, e esperou. A única dúvida seria se teria sido recordado hoje, no dia em que o fim se aproximava.
As memórias que deixamos permitem-nos viver para além da finitude corpórea a que estamos todos submetidos.
A cabeça descai para o lado direito e o chapéu escorrega-lhe dos dedos. Ali permanece, ainda esperando.
O velho sentado na poltrona de sua casa.
4 comentários:
sp bem esta nossa vitamina da escrita:) beijinhos linda
uma lagrima triste por todos os velhos que tendemos a esquecer e um sorriso pelas tuas palavras minha Cee. :*sempre tua M
Tivesse ante uma patrona em vez de uma poltrona.
Muito bom (sinceramente, para que não restem dúvidas ácidas).
e o Velho morreu ?
:S
Um beijinho . Fiilipa *
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