quinta-feira, 26 de abril de 2007

Ainda


Abre os olhos, meu amor.
Quero rever-nos em ti, quero olhar-nos e reviver, rebuscar.


Fecha-me os olhos, meu amor.
Não quero continuar a amar-te mesmo com as costas voltadas. Como posso continuar a amar-te no silêncio da porta, no barulho ausente dos passos, nas fotografias descoloradas e envelhecidas, de tantas vezes manuseadas, nas cartas sem resposta e tantas vezes relidas. Não consigo empurrar-te enquanto me puxo.

Dias do meio entre o início e o fim. Foi aqui que estaquei, esperando alcançar-nos novamente. Não me cedas um tempo que não é teu. Não me dês um tempo que não possuis.
No revirar dos dias, no vislumbrar do teu sorriso, no recorte da tua sombra, penso e sinto o que não queria, nem podia, sentir, apesar de ainda só te ver de costas voltadas.
Quando se aprende a amar, não se pode aprender a maneira de esquecer: o meu dia de amanhã ainda pode voltar a ser teu.

9 comentários:

C disse...

Bonito. porém, discordo; quando se perde o amor ou a confiança, nunca se reaprende, a não ser que queiramos ilusão.viva platão.

Amândio Sereno disse...

Concordo com o Diplomata. Quem aprende a amar também pode aprender a deixar de amar, para seu próprio bem.

Um blog a revisitar com assiduidade. Parabéns!

Vitamina CeCe disse...

E desde quando o amor é tão racional como os caros amigos querem que seja?

Unknown disse...

Concordo contigo vitaminada! Se fosse assim tão racional até nem tinha tanta graça...! Ou talvez tivesse...às vezes dava jeito..lol

C disse...

o amor é racional, porque tudo é racional. não há mais que um palco e frases pré-feitas. tudo é cordialidade, virtualidade, falsidade, imagem. dizer que os arco-íris são bonitos é como evitar falar da morte.

Vitamina CeCe disse...

Sr. Diplomata, se entende o amor e a paixão como um leque de racionalidade, onde fica o espaço para as emoções? Ou terá emoções racionalizadas? Onde entra o bater mais forte do coração, as borboletas no estômago, o sorriso constante sem motivo aparente? No cálculo frio do que imagina que será o amor?
Já esteve apaixonado de verdade Sr. Diplomata? Ou por ter agido tão comedida e controladamente perdeu um amor, que até poderia ter sido correspondido??

S.A. disse...

Vejo o meu retrato nalgumas das tuas frases... :)
Beijinhos

Ana

J disse...

Bem, fala-se de amor e as línguas soltam-se desvairadas. É por isso que se deve deixar a carne mal passada arrefecer no mesmo prato em que a comemos. Ou chamar o gerente, como o outro.

C disse...

Parafraseando Dr. House, everybody lies